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A redoma de vidro: O último suspiro sufocado de Sylvia Plath

  • Heloise Auer
  • 2 de fev. de 2018
  • 2 min de leitura

Publicado originalmente em 1963, A Redoma de Vidro é o único romance escrito pela autora norte-americana Sylvia Plath. O livro nos conta a vida de Esther Greenwood, uma menina prodígio.

A história se passa nas férias de verão entre o terceiro e o quarto ano de faculdade da protagonista, quando ela está trabalhando em uma revista em Nova York. Sua vida é perfeita, ela é a melhor da classe, possui uma bolsa de estudos, tem um quase-noivo cursando medicina, o futuro se estende a sua frente. Mas não parece ser o suficiente, Esther se sente sufocada, sozinha, sem qualquer motivação para continuar.

É aí que se desenrola a trama do livro, nos mostrando a depressão em todas as suas fases: desde o desânimo e a falta de força em levar as coisas até o fim - quando a protagonista ainda está trabalhando na revista; passando pela insônia, a dificuldade de ler e de se alimentar - quando retorna a sua cidade e passa dias e dias trancada em casa; chegando a pensamentos suicidas - quando por fim é internada em uma clínica psiquiátrica.

A escritora Sylvia Plath cometeu o suicídio aos 30 anos em 1963, o que nos faz crer que o livro contém uma infinidade de passagens autobiográficas, pois durante a leitura, percebemos o quão íntimo são as coisas escritas pela personagem, seus pensamentos e angústias, só alguém que conheceu essa doença de muito perto possa ter escrito algo tão valioso assim.


"(...) Não teria feito a menor diferença se ela tivesse me dado uma passagem para a Europa ou um cruzeiro ao redor do mundo, porque onde quer que estivesse (...), estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado."


O grande trunfo do romance é o de conseguir transportar o leitor para a própria vivência da depressão: sem grandes alardes, sem tragédias retumbantes em sua vida, Esther aos poucos é tragada para dentro da escuridão.

Outro ponto que se destaca é o feminismo velado de Esther, a personagem já era uma militante sem saber, sempre lutou contra o estilo de vida imposto para as mulheres de sua época. Nunca teve o sonho de casar ou ter filhos, pelo contrário, desprezava e não conseguia se ver levando uma vida dentro do “padrão”, além disso, tinha uma opinião sobre sexo antes do casamento diferente da sociedade.

Enfim, esse é um livro que não dá espaço para o meio termo, ou o leitor sente repulsa da tristeza ou se identifica profundamente com os pensamentos da protagonista, no meu caso foi uma conexão instantânea, principalmente no início. Mas não se assuste se você se identificar, a escrita de Sylvia provoca uma empatia inconsciente, te prende, te seduz. E apesar de ser um livro sem grandes momentos de clímax e reviravoltas, é fascinante. Não é uma leitura agradável, mas com certeza é muito necessária.


Classificação: ★★★★

Título original: The Bell Jar

Autora: Sylvia Plath

Páginas: 280 páginas

Editora: Biblioteca Azul

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