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Atravessando o Atlântico

  • Arantxa Torquato
  • 27 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

Essa era a noite de véspera e a ansiedade não cabia mais em mim. Vi e revi os itens na mala, e lá pela 5ª vez eu tinha certeza que não estava me esquecendo de nada, mas estava muito agitada e como era simplesmente impossível conseguir dormir, continuei checando os itens da minha lista. Virei de um lado para o outro na cama, quando me repreendi sabendo que precisaria dormir nem que fosse o mínimo se não quisesse estar morrendo de sono pela manhã. Então repassei infinitas vezes a imagem de como tudo seria quando, enfim, eu chegasse. Quando cheguei ao aeroporto estava o mais disposta possível. Apesar de ter dormido muito pouco e acordado bem cedo, a adrenalina devia estar me dando uma carga extra de energia. O saguão estava apinhado de pessoas, de todos os estilos e formas e eu me peguei pensando se para algumas delas a viagem que fariam significaria tanto quanto para mim. Depois de passar pelo check-in e pelo processo de embarque meu coração foi acelerando. Essa era a primeira vez que viajava para tão longe, sozinha, e ainda mais em um voo tão longo. Acomodei-me no acento e troquei algumas palavras com o senhor ao meu lado. Apertei os cintos e observei pela janela o avião adquirindo altitude, enquanto um misto de medo e admiração me bombardeavam ao fitar o céu. Um céu onde habitavam estrelas, uma lua, um infinito, tudo tão perto de mim. E eu desejei com toda a força que às 10 horas seguintes passassem em todos os sentidos “voando”. Após um tempinho coloquei os fones de ouvido para ouvir uma música qualquer e puxei um livro novo da bolsa, o qual li por cerca de uma hora. Pude me entreter com o catálogo de filmes que a companhia área oferecia até o sono me vencer e eu acabar dormindo sem jeito. O sono passou veloz e sem sonhos, me fazendo acordar de tempos em tempo. Eu sempre odiei ficar na mesma posição por um longo período e aquele espaço limitado estava me matando de cansaço e ansiedade. Fui dormindo espaçadamente até um pouco antes da aterrissagem. Quando enfim tocamos o solo da pista, meu coração deu saltos nervosos. Ao sair do avião um misto de emoções se apoderou de mim, era uma doce concretização. Pareceram que séculos se passaram até eu conseguir retirar minha bagagem de mão, e ainda mais para aguardar que minha mala despachada surgisse na esteira. Após todo o processo de desembarque, fui para a parada de ônibus que me levaria até minha nova cidade. Seriam mais 50 minutos de viagem até chegar na “Central de Camionagem”— rodoviária em um bom português brasileiro — onde os donos do meu novo apartamento estariam me esperando. Passaram-se exatamente 23 minutos e embarquei. Conectei-me ao wi-fi que o autocarro — nosso famoso ônibus — disponibilizava e respondi muitas mensagens dizendo que estava tudo tranquilo, que tudo havia corrido bem. Era meio de tarde e através da janela aberta assisti inebriada todo o percurso à minha volta, sentindo o vento português lamber meus cabelos e me inundar de curiosidade. Estava louca para explorar todos os cantos. Havia sonhado muito com esse momento. De vislumbrar essa atmosfera, sentir a energia emanar por todos os lados, ver o entusiasmo caminhar à passos largos. Fui recepcionada por uma chuva e um frio maroto do mês de janeiro, enquanto retirava toda atrapalhada minha enorme mala do bagageiro, sendo bombardeada pelo novo sotaque de todos os lados. – Arantxa? É você? – Disse a mulher que tocava meu ombro. – Sim! Ana? - Respondi tentando reconhecer o rosto que só havia visto virtualmente até então. – Como você está miúda? Pois sejas bem-vinda à Braga! E ali comecei uma das melhores fases da minha vida.





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Somos Heloise e Arantxa - duas amigas que a fase turbulenta da vida universitária uniu. Cansamos de procurar um lugar para poder pertencer e decidimos cria-lo!

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